Village, NYC, 1995 ou 96 |
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade
(Cazuza, Blues da Piedade)
Notas para uma autobio em alta
velocidade
Não, não é algo novo, nada novo. Tô só reincorporando em
minha vida algumas “coisas” que por algum motivo foram sendo abandonadas por
desautorizações alheias ao meu Desejo. Reencontro-me, reconcilio-me, já falei
de reconciliações.
Tem nada de novo não.
Música? Nunca foi passatempo. “Musical” em minha vida nunca
foi “fundo”.
Depois veio Janis, conforme a
memória trabalha, e quase ao mesmo tempo as interpretações pesadas feitas pelo
Led Zeppelin (I can’t quit you baby et all).
Um dia me caiu nas mãos, nos ouvidos e no coração o “Nothing
but the blues”, do Johnny Winter (1977): era um tributo ao blues e a Muddy
Waters, que inclusive participa do álbum. Lembro que li algo na contracapa que
me fez entender TUDO!
Selo Blue Sky – PZ 34813 |
Dali em diante foi Blues, mas também vivo de rock, samba,
baladas folk, Irish Music, erudita, bossa nova, a tal MPB e, claro, de jazz
(que tá ali bem perto do blues). Não, não sou nacionalista: minha pátria é o
mundo.
Já estudei um pouco de tudo, foi pouco, mas foi formando um
pequeno tudo: violão, piano, bateria. Agora não quero mais o pouco. Tá tarde?
Nunca é, nunca é. E tente dormir com meu
barulho, porque logo que as mãos desenferrujarem vou comprar uma guitarra.
Brinco? Fui um dos primeiros moços (é, eu era moço) a furar
a orelha em minha cidade, acho que em 1980. Furei de novo em 2010, de novo me
encolhi, agora veio e vai ficar. Anel é novidade, gostei. E já aviso que o
cabelo vai crescer um pouco, talvez muito, vou ver depois conto.
Agora vamos à poesia que alguns dizem não ser e fazem aquele
ar sarcástico de parnasianos provincianos: tem quem goste e muito: poema,
micropoema, poema-em-prosa, livre associação com aliterações, letras de música
sim, também, para des/gosto dos ressentidos. Expressão poética também não é
novidade.
Sobre Socialismo, ora me poupem, se me mandarem morar na
Venezuela ou em Cuba posso até pensar na possibilidade, mas não é a questão. A
questão? Simples assim: contra a propriedade privada dos grandes meios de
produção, contra a apropriação do trabalho excedente. Não “deu certo” onde
aconteceu? O que é, afinal, “dar certo”? Algo deu certo nos EUA ou aqui?
Saramago disse uma vez algo assim: que ele não abriria mão de seu posicionamento,
pois seria oportunismo. Os jornalistas
(na época “yuppies” de um grande jornal paulista), ficaram com cara de tacho.
Utopia? Sim! Utopia necessária e urgente.
Enfim, digo sim ao brinco, ao blues, ao
socialismo, à poesia e a tudo mais que me fez quem (e o quê) sou.
E aguardem porque vem mais. Para quem não entendeu, peço Piedade.
E viva Zeca Baleiro, Billie Holliday, Janis, Jards Macalé,
Paulo Leminski, Cazuza, Cássia Eller e todos e todas sem juízo do mundo!
RJdS/Março/2018
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